Zinco: Um aliado eficaz no alívio da dor da dismenorreia primária

A dismenorreia primária (DP) é definida pela presença de dor tipo cólica na região abdominal inferior, que ocorre geralmente pouco antes ou no início do ciclo menstrual, sem associação com alterações patológicas pélvicas detectáveis. Estima-se que entre 45% e 95% das mulheres em idade reprodutiva, em todo o mundo, apresentem esse quadro.

Além da dor abdominal, a DP costuma vir acompanhada de outros sintomas, como cefaleia, lombalgia, dor nas coxas, fadiga, náuseas, vômitos e diarreia. Acredita-se que a principal causa esteja relacionada à produção excessiva de prostaglandina F2α (PGF2α) e leucotrienos pelo endométrio durante a menstruação. Esses mediadores provocam contrações uterinas intensas e vasoconstrição, levando à isquemia e consequente dor.

Sob a perspectiva ortomolecular, é importante compreender que essas contrações interrompem temporariamente o fluxo sanguíneo para o útero, promovendo hipóxia e estresse oxidativo. A reperfusão subsequente, por sua vez, gera espécies reativas de oxigênio (ERO), amplificando a dor e o dano tecidual.

Embora o tratamento convencional envolva o uso de anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), seu uso prolongado pode causar efeitos adversos, como distúrbios gastrointestinais, náuseas e tonturas. Assim, é fundamental considerar abordagens complementares e mais seguras.

A vitamina D já foi abordada como potencial coadjuvante na modulação da DP. Agora, chama atenção o papel do zinco — um oligoelemento essencial envolvido em múltiplas funções enzimáticas — na saúde reprodutiva e no manejo da dor menstrual.

O zinco atua na inibição da síntese de prostaglandinas via modulação da ciclooxigenase, favorece a microcirculação uterina, exerce efeito antioxidante por meio do aumento da atividade da superóxido dismutase (SOD) e regula citocinas inflamatórias. Esses mecanismos colaboram para a redução dos espasmos uterinos, da isquemia e do estresse oxidativo, diminuindo significativamente o desconforto associado à dismenorreia.

A presença da enzima superóxido dismutase do tipo cobre-zinco no tecido uterino reforça seu papel como antioxidante local, o que contribui ainda mais para o alívio das cólicas menstruais.

Estudos recentes reforçam a eficácia do zinco nesse contexto. Uma meta-análise abrangendo 739 mulheres com idades entre 13 e 27 anos e diagnóstico de dismenorreia primária revelou que a suplementação de zinco reduziu de forma significativa a intensidade da dor em comparação ao placebo (g de Hedges = −1,541; IC 95% = −2,268 a −0,814; p < 0,001). Além disso, observou-se que quanto maior a duração do uso e a dose administrada, maiores foram os efeitos positivos.

Os resultados foram consistentes mesmo com doses variando de 7 a 150 mg/dia, iniciadas de 3 a 7 dias antes ou durante o ciclo menstrual. Essa regularidade parece ser essencial para os efeitos terapêuticos. Os eventos adversos relatados foram mínimos, com apenas 11 participantes referindo desconfortos gastrointestinais leves.

Em resumo, a suplementação de zinco mostrou-se uma estratégia eficaz, segura e bem tolerada para a redução da intensidade e da duração da dor em mulheres com dismenorreia primária. Sua atuação antioxidante, anti-inflamatória e reguladora da microcirculação uterina oferece uma alternativa complementar promissora à abordagem tradicional.

Referência:
Hsu TJ, Hsieh RH, Huang CH, et al. Efficacy of Zinc Supplementation in the Management of Primary Dysmenorrhea: A Systematic Review and Meta-Analysis. Nutrients. 2024 Nov 28;16(23):4116. doi: 10.3390/nu16234116. PMID: 39683510; PMCID: PMC11643716.
🔗 https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/39683510/

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