Suplementação de vitamina D e rinite alérgica

A rinite alérgica (RA) é uma condição comum caracterizada por sintomas como espirros, coceira, congestão nasal e coriza. O tratamento convencional envolve farmacoterapia, imunoterapia e estratégias de prevenção de alérgenos, sendo essas abordagens combinadas conforme a gravidade do quadro clínico. Do ponto de vista da medicina ortomolecular, a inclusão de vitaminas, como a vitamina D, tem sido considerada em função de sua atuação na regulação do sistema imunológico.

No sistema imunológico adaptativo, a vitamina D participa do equilíbrio entre as respostas pró-inflamatórias e anti-inflamatórias. Essa substância contribui para a diferenciação de células T reguladoras (Treg), associadas à modulação da resposta inflamatória e à manutenção da homeostase imunológica. Além disso, pode inibir a produção de citocinas pró-inflamatórias, como interleucina-6 (IL-6), fator de necrose tumoral alfa (TNF-α) e IL-17, ao mesmo tempo em que favorece a secreção de citocinas anti-inflamatórias, como a IL-10. Essa atuação tem sido estudada em diferentes doenças inflamatórias e alérgicas, incluindo a RA. Alguns trabalhos também investigaram a possibilidade de a suplementação de vitamina D influenciar os efeitos de terapias convencionais, como anti-histamínicos, corticosteroides e imunoterapia.

Uma revisão sistemática publicada em fevereiro de 2025 analisou o efeito da suplementação de vitamina D em pacientes com RA, com base em cinco ensaios clínicos randomizados (ECRs), totalizando 370 participantes. As amostras variaram entre 30 e 128 indivíduos, com idades de 5 a 70 anos. Quatro estudos incluíram adultos (acima de 16 ou 18 anos), e um incluiu crianças entre 5 e 12 anos. A duração dos protocolos de suplementação variou de 4 semanas a 5 meses, com doses de vitamina D entre 800 UI/dia e 60.000 UI/semana.

As intervenções utilizadas como tratamento de base incluíram imunoterapia subcutânea específica para alérgenos, sprays nasais com mometasona ou fluticasona, anti-histamínicos e imunoterapia sublingual.

Na análise global dos estudos, observou-se alívio nos sintomas da RA em comparação ao placebo; no entanto, a diferença não foi estatisticamente significativa (SMD = −2,69; IC 95%: −6,20 a 0,82; p = 0,134). A análise de meta-regressão indicou que fatores como a proporção de participantes do sexo feminino e o uso concomitante de corticosteroides influenciaram os resultados (sexo feminino: inclinação = 0,21, p = 0,026; corticosteroides: inclinação = −5,34, p = 0,015).

Um achado adicional foi que, na ausência de corticosteroides, a suplementação de vitamina D apresentou redução significativa nos sintomas da RA em comparação ao placebo (SMD = −0,56; IC 95%: −0,90 a −0,23; I² = 0%; p = 0,97). Além disso, não foram relatados efeitos adversos graves nos estudos analisados.

Do ponto de vista da medicina ortomolecular, é pertinente considerar abordagens complementares. Além da vitamina D, os probióticos têm sido investigados como coadjuvantes na RA, devido a suas propriedades imunomoduladoras. Sua atuação na regulação da microbiota intestinal e na modulação da resposta imune, incluindo o aumento de células T reguladoras e a redução da produção de citocinas pró-inflamatórias, tem sido discutida como parte de estratégias integradas de manejo.

Referência:
Kawada K, Sato C, Ishida T, Nagao Y, Yamamoto T, Jobu K, Hamada Y, Izawa Ishizawa Y, Ishizawa K, Abe S. Vitamin D Supplementation and Allergic Rhinitis: A Systematic Review and Meta-Analysis. Medicina (Kaunas). 2025 Feb 18;61(2):355. doi: 10.3390/medicina61020355. PMID: 40005471; PMCID: PMC11857834.
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/40005471/

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