Suplementação de Selênio e seus benefícios nas Doenças Cardiometabólicas

As doenças cardiometabólicas frequentemente começam com condições de alto risco, como resistência à insulina (RI), obesidade, dislipidemia e hiperinsulinemia, que podem evoluir para diabetes mellitus tipo 2 (DM2) e doenças cardiovasculares (DCV). Há evidências crescentes de que o estresse oxidativo desempenha um papel central na progressão da resistência à insulina, na patogênese do DM2 e em suas complicações microvasculares e macrovasculares. O aumento do estresse oxidativo está diretamente relacionado ao surgimento de distúrbios metabólicos cardiovasculares. Nesse contexto, a prática ortomolecular pode contribuir com uma abordagem baseada no uso de nutrientes para reduzir os riscos cardiometabólicos.

Um desses nutrientes é o selênio. Após sua absorção, o selênio é amplamente distribuído pelo corpo, sendo a selenocisteína (Sec) a principal forma presente nas células. As selenoproteínas, que contêm selenocisteína, desempenham funções antioxidantes e anti-inflamatórias, protegendo contra danos oxidativos.

A suplementação de selênio pode reduzir significativamente as espécies reativas de oxigênio (ROS), aumentar a atividade de enzimas antioxidantes como a superóxido dismutase e a glutationa peroxidase (GPx), além de diminuir a produção de citocinas inflamatórias. Uma meta-análise de 10 ensaios clínicos randomizados (ECR), envolvendo 526 participantes (272 no grupo selênio e 254 no grupo controle), indicou resultados promissores. O período de tratamento variou de 4 a 24 semanas, utilizando principalmente levedura de selênio e selenito de sódio em doses de 100 a 200 µg/dia. Os participantes dos estudos tinham condições como diabetes mellitus e suas complicações (cinco estudos), doenças cardiovasculares (três estudos), diabetes mellitus combinado com doença coronariana (um estudo) e obesidade (um estudo).

Todos os 10 estudos analisaram os efeitos da suplementação de selênio nos níveis séricos de insulina e no HOMA-IR (Índice de Resistência à Insulina). Os resultados combinados demonstraram que a suplementação de selênio reduziu significativamente os níveis séricos de insulina (SMD: -0,53; IC 95% [-0,84, -0,21]) e diminuiu o HOMA-IR (SMD: -0,50; IC 95% [-0,86, -0,14]). Ao excluir um estudo com maior heterogeneidade, a suplementação de selênio foi associada a uma redução ainda maior dos níveis de insulina sérica (SMD: -0,67; IC 95% [-0,86, -0,48]) e HOMA-IR (SMD: -0,67; IC 95% [-0,86, -0,48]).

Esses achados sugerem que o selênio pode melhorar a sensibilidade à insulina, com o selenato, em particular, desempenhando um papel semelhante à insulina, ajudando a regular os níveis de glicose no sangue.

Em resumo, as evidências atuais indicam que a suplementação de selênio tem efeitos favoráveis na redução dos níveis séricos de insulina e HOMA-IR, o que sugere seu potencial como uma estratégia eficaz para melhorar a saúde cardiometabólica.

Referência:

Ouyang J, Cai Y, Song Y, Gao Z, Bai R, Wang A. Potential Benefits of Selenium Supplementation in Reducing Insulin Resistance in Patients with Cardiometabolic Diseases: A Systematic Review and Meta-Analysis. Nutrients. 2022 Nov 21;14(22):4933. doi: 10.3390/nu14224933. PMID: 36432623; PMCID: PMC9693215.
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/36432623/

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