Suplementação de magnésio na depressão em adultos com transtorno depressivo

A depressão é um distúrbio comum, debilitante e potencialmente fatal, caracterizado por tristeza, perda de interesse ou prazer, sentimentos de culpa ou baixa autoestima, distúrbios do sono ou do apetite, sensação de cansaço e falta de concentração.

Medicamentos antidepressivos e/ou psicoterapia são eficazes na melhoria de alguns sintomas de depressão. No entanto, mais da metade de todos os pacientes que usaram esses medicamentos relataram efeitos colaterais.

Diante desta situação, diversas terapias complementares têm sido propostas, como suplementos vitamínicos e minerais, em pessoas deprimidas, incluindo o magnésio. E por que devemos prestar atenção ao magnésio?

O magnésio é essencial devido ao seu papel como cofator em mais de 350 enzimas humanas, muitas das quais são cruciais para o funcionamento do cérebro e para o equilíbrio químico que regula o humor. A deficiência de magnésio está ligada a transtornos de humor, sugerindo que a suplementação pode ter efeitos antidepressivos. Atua como antagonista natural do cálcio, modula o receptor NMDA (N-metil-D-aspartato) e aumenta a expressão de subunidades específicas do mesmo receptor, influenciando a neurotransmissão e a plasticidade sináptica. Além disso, o magnésio reduz a inflamação sistêmica e normaliza a organização do sono, fatores cruciais para a saúde mental. Estudos também indicam que a concentração sérica de magnésio pode flutuar durante episódios depressivos.

Em recente meta-análise de 2023 que abrangeu sete ensaios clínicos randomizados (ECR), com um total de 325 adultos, com idade média entre 26,4 e 48,1 anos, dois deles exclusivamente para mulheres e os outros cinco para ambos os sexos. Esses estudos avaliaram intervenções que utilizaram doses diárias de magnésio variando de 40 a 500 mg, com duração de 1 a 8 semanas.

Quanto ao tipo de intervenção, o sulfato de magnésio foi utilizado em dois estudos, o óxido de magnésio em outros dois, o cloreto de magnésio em um, o aspartato de magnésio em outro e em um estudo não foi especificado o tipo de suplemento de magnésio administrado. A combinação desses estudos mostrou que a suplementação de magnésio resultou em uma redução significativa nos escores de depressão em comparação ao placebo (diferença média padronizada [dpm]: −0,919, IC 95%: −1,443 a −0,396, p = 0,001). Essa associação permaneceu significativa mesmo excluindo o estudo que utilizou magnésio intravenoso (SMD: −1,05, IC 95%: −1,38 a −0,71, p < 0,001).

Para abordar a heterogeneidade entre os estudos, foi realizada uma análise de subgrupo sugerindo que doses de 250 mg/dia ou menos de magnésio podem ter um efeito mais consistente na redução dos escores de depressão em comparação com doses mais altas. Entretanto, nenhum efeito significativo foi observado nos estudos que utilizaram a via de infusão, possivelmente devido à curta duração da intervenção (média de 4 horas) nesses casos.

Em resumo, a suplementação de magnésio no estado depressivo na análise de sensibilidade, mostrou uma redução estimada nos escores de depressão entre -1,30 e -0,59.

Referência

Moabedi M, Aliakbari M, Erfanian S, Milajerdi A. Magnesium supplementation beneficially affects depression in adults with depressive disorder: a systematic review and meta-analysis of randomized clinical trials. Front Psychiatry. 2023 Dec 22;14:1333261. doi: 10.3389/fpsyt.2023.1333261. PMID: 38213402.

https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/38213402/

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