Suplementação de ácido alfa lipóico (ALA) na pressão arterial em adultos
A pressão arterial elevada (PAE) representa um fator de risco crucial para uma série de condições médicas graves, como insuficiência cardíaca, doença renal crônica, deficiência cognitiva, demência e eventos cardiovasculares agudos, incluindo acidentes vasculares cerebrais e ataques cardíacos. A Organização Mundial da Saúde estima que a hipertensão afetará mais de um bilhão de pessoas até 2025, com a prevalência projetada para aumentar de 26,4% para 29,2%. Estudos clínicos e experimentais sugerem que o aparecimento de certas doenças cardiovasculares, como a hipertensão, está intimamente relacionado com um aumento na produção de espécies reativas de oxigênio. Nesse contexto, a Prática Ortomolecular considera crucial o uso de antioxidantes orais como uma estratégia terapêutica promissora para o tratamento da hipertensão arterial, e o ácido alfa-lipóico (ALA) surge como uma opção de destaque.
O ácido alfa-lipóico (ALA), antioxidante mitocondrial sintetizado no fígado e presente em fontes animais e vegetais, exerce sua ação por diversas vias, incluindo a mediação do óxido nítrico para melhorar a função endotelial e a vasodilatação, o que leva à redução da pressão arterial. Múltiplos mecanismos podem estar envolvidos na ação do ALA sobre a pressão arterial sistólica (PAS) e diastólica (PAD), como a inibição da redução da SIRT3 (sirtuína 3), a hiperacetilação da superóxido dismutase 2 (SOD2) e a superprodução de espécies reativas de oxigênio (ROS) nas mitocôndrias.
Uma meta-análise recente incluiu um total de 11 ensaios clínicos randomizados envolvendo 674 pacientes (346 casos e 328 controles), com durações de intervenção variando de 8 a 48 semanas. A dose de suplementação de ALA variou entre 600 mg/dia e 1.800 mg/dia. Os resultados da meta-análise indicaram uma redução significativa tanto na PAS (ADM = −5,46 mmHg; IC 95%: −9,27, −1,65; p < 0,001) quanto na PAD (ADM = −3,36 mmHg, IC 95%: −4,99, −1,74; p < 0,001) com a suplementação de ALA, com diminuição de 5,46 mmHg na PAS e 3,36 mmHg na PAD. Esta redução foi mais pronunciada em pacientes com índice de massa corporal (IMC) basal de 25 a 29,9 kg/m², em ensaios com doses de ALA inferiores a 800 mg/dia e durações de tratamento de até 12 semanas. Da mesma forma, observou-se que a suplementação de ALA foi mais eficaz em indivíduos obesos e com sobrepeso, sem apresentar efeitos significativos em pacientes com pré-diabetes. Esses resultados podem ser explicados considerando que a obesidade tem sido associada a níveis elevados de angiotensina II, aumento da secreção de aldosterona e aumento da captação de sódio nos túbulos renais, resultando em aumento da pressão arterial. Portanto, a eficácia superior da suplementação de ALA em pacientes com sobrepeso e obesidade pode ser atribuída tanto aos efeitos de perda de peso do ALA quanto ao seu efeito anti-hipertensivo.
Concluindo, a suplementação de ácido alfa-lipóico (ALA) demonstra efeitos benéficos na pressão arterial em adultos, com redução significativa tanto na PAS quanto na PAD. Estas descobertas apoiam o potencial do ALA como uma intervenção terapêutica promissora para o tratamento da pressão arterial elevada, especialmente em pacientes com excesso de peso ou obesos.
Referências: Vajdi M, Noshadi N, Hassanizadeh S, Bonyadian A, Seyedhosseini-Ghaheh H, Askari G. The effects of alpha lipoic acid (ALA) supplementation on blood pressure in adults: a GRADE-assessed systematic review and dose-response meta-analysis of randomized controlled trials. Front Cardiovasc Med. 2023 Oct 24;10:1272837. doi: 10.3389/fcvm.2023.1272837. PMID: 37942070; PMCID: PMC10628535.