L-Carnitina: o aliado natural para melhorar o perfil lipídico em adultos

A dislipidemia é um dos fatores de risco modificáveis mais relevantes para o desenvolvimento da aterosclerose, sendo caracterizada por alterações nos níveis de triglicerídeos (TG), colesterol total (CT), colesterol de lipoproteína de alta densidade (HDL-C) e colesterol de lipoproteína de baixa densidade (LDL-C). O tratamento convencional da dislipidemia envolve principalmente o uso de estatinas, que são eficazes na redução dos níveis plasmáticos de LDL-C e na prevenção de doenças coronarianas. No entanto, as estatinas têm limitações, pois alguns estudos indicam que elas não melhoram outros parâmetros lipídicos e podem causar efeitos colaterais, como miotoxicidade, hemorragia intracraniana e deficiência de coenzima Q10.

Na prática ortomolecular, busca-se uma alternativa mais natural para o manejo da dislipidemia por meio do uso de compostos como a L-carnitina. Este composto, um cátion amônio, pode ser obtido pela dieta ou sintetizado endogenamente no fígado, rins e cérebro.

A L-carnitina desempenha um papel crucial no transporte de ácidos graxos para as mitocôndrias, onde são oxidados para gerar energia e eliminar compostos prejudiciais. Além disso, a L-carnitina melhora as concentrações de adipocinas e reduz o acúmulo de metabólitos nocivos, que estão associados a embolias coronarianas e tromboses.

Esses mecanismos, em conjunto, não apenas melhoram o perfil lipídico, mas também fazem da L-carnitina uma opção terapêutica mais segura e natural para prevenir doenças cardiovasculares relacionadas à dislipidemia. Esse potencial é reforçado por evidências recentes. Uma meta-análise, que incluiu 13 estudos, dos quais dez eram de alta qualidade e três de qualidade moderada, examinou a eficácia da L-carnitina. Os participantes desses estudos tinham idades entre 26 e 53 anos, com doses de L-carnitina variando de 0,54 g/dia a 2,4 g/dia e duração da suplementação entre 14 e 25 semanas.

A meta-análise revelou que a suplementação de L-carnitina reduziu significativamente os níveis de colesterol total (CT), com uma queda média de 1,05 mg/dL (IC 95%: −1,71, −0,39; p = 0,002). Em particular, indivíduos com menos de 50 anos que consumiram mais de 2 g/dia de L-carnitina apresentaram uma redução significativa no CT. Além disso, observou-se que a L-carnitina teve um impacto mais acentuado na redução dos triglicerídeos (TG) em pessoas com distúrbios metabólicos, especialmente em pacientes com diabetes mellitus tipo 2 (DM2), quando a intervenção durou menos de 18 semanas.

No que diz respeito ao colesterol HDL-C, a suplementação com L-carnitina aumentou significativamente seus níveis em 0,66 mg/dL (IC 95%: 0,20; 1,12; p = 0,005), sugerindo um efeito positivo sobre esse marcador de saúde cardiovascular.

Em resumo, a suplementação de L-carnitina não só diminui significativamente os níveis de CT, TG e LDL-C, mas também melhora os níveis de HDL-C. Esses efeitos são mais pronunciados em pacientes com distúrbios metabólicos e DM2, destacando a L-carnitina como uma intervenção terapêutica segura e eficaz para melhorar o perfil lipídico.

Referência:

Musazadeh V, Alinejad H, Esfahani NK, Kavyani Z, Keramati M, Roshanravan N, Mosharkesh E, Dehghan P. The effect of L-carnitine supplementation on lipid profile in adults: an umbrella meta-analysis on interventional meta-analyses. Front Nutr. 2023 Sep 4;10:1214734. doi: 10.3389/fnut.2023.1214734. PMID: 37727632; PMCID: PMC10506516.

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