Eficácia do mio-inositol no controle da insulina e HOMA-IR no Diabetes Gestacional
O número de mulheres diagnosticadas com diabetes gestacional está aumentando em todo o mundo, ressaltando a importância de encontrar métodos simples e naturais para prevenir essa condição. Durante a gravidez, ocorrem alterações hormonais e metabólicas destinadas a garantir a nutrição fetal ideal. No entanto, sob certas circunstâncias, a desregulação dos níveis de insulina pode aumentar o risco de desenvolver diabetes gestacional, uma condição que não só causa complicações durante a gravidez e o parto, como distúrbios hipertensivos, macrossomia fetal e hipoglicemia neonatal, mas também aumenta a probabilidade de que a mãe desenvolva diabetes mais tarde na vida. Além disso, esses bebês apresentam maior risco de desenvolver diabetes, tanto na infância quanto no início da idade adulta.
Na abordagem da prática ortomolecular, tem sido explorado o uso do inositol, especialmente do mio-inositol, um isômero com propriedades sensibilizadoras da insulina. Este composto demonstrou potencial na modulação da resistência à insulina em modelos animais e humanos. Os efeitos insulinomiméticos do mio-inositol são acreditados como relacionados à produção de mensageiros secundários de inositol glicano, que melhora a síntese de glicogênio e a captação de glicose nos tecidos periféricos.
Uma meta-análise recente, que incluiu 4 ensaios clínicos com 327 mulheres diagnosticadas com diabetes gestacional, avaliou os efeitos do mio-inositol administrado em doses variando entre 2.000 e 4.000 mg por dia. Os resultados foram promissores, pois a suplementação de mio-inositol foi associada a uma redução significativa na necessidade de tratamento com insulina (OR = 0,24; IC 95% = 0,11-0,52; p = 0,0003) e a uma melhora no índice HOMA-IR (padrão diferença média [DMP] = -1,18; IC 95% = -1,50 a -0,87).
Esses resultados são particularmente relevantes considerando que, durante a gravidez, a sensibilidade à insulina é consideravelmente reduzida, especialmente no terceiro trimestre, onde se observa uma diminuição entre 50% e 70% em comparação com o estado pré-gravidez.
Um aspecto fundamental destacado pelos pesquisadores é a importância de iniciar precocemente o tratamento com mio-inositol. Dado que a janela de oportunidade para abordar o diabetes gestacional é limitada, considerando que o diagnóstico normalmente ocorre entre 24-28 semanas de gestação e são necessárias aproximadamente 8 semanas de tratamento, a intervenção precoce com mio-inositol pode ser crucial para otimizar os resultados maternos e fetais.
Em resumo, a suplementação de mio-inositol mostra potencial para reduzir a necessidade de tratamento com insulina em mulheres com diabetes gestacional, especialmente quando iniciada precocemente. Dada a estreita janela de intervenção e as limitações do diagnóstico tardio, o uso de mio-inositol poderia representar uma estratégia eficaz e segura para melhorar os resultados nesta população em risco.
Referência:
Chen H, Xiong J, Li Z, Chen Y, Zhang M, Chen D, Liu B. Influence of myo-inositol on metabolic status for gestational diabetes: a meta-analysis of randomized controlled trials. J Matern Fetal Neonatal Med. 2024 Dec;37(1):2228450. doi: 10.1080/14767058.2023.2228450. Epub 2024 Aug 8. PMID: 39115013.