Efeitos sinérgicos da suplementação de vitamina D e do Yoga na saúde de sobreviventes de câncer de mama

O câncer de mama e seus tratamentos podem causar diversos efeitos colaterais que afetam a saúde física e psicológica dos pacientes, frequentemente comprometendo a qualidade de vida. Nesse contexto, a prática ortomolecular tem se destacado por promover a saúde e o bem-estar, abordando os efeitos secundários dos tratamentos. Os tratamentos contra o câncer podem diminuir a força muscular e a capacidade aeróbica dos sobreviventes, expondo-os a um risco maior de distúrbios psiquiátricos, como depressão e ansiedade. Além disso, a fadiga, efeito colateral comum do tratamento do câncer, está associada à redução da atividade física, o que, por sua vez, diminui as capacidades funcionais dos pacientes.

Diversos estudos têm relacionado a fadiga com níveis elevados de citocinas pró-inflamatórias em sobreviventes de câncer. Em particular, os níveis séricos de interleucina-6 (IL-6) e fator de necrose tumoral-α (TNF-α) podem aumentar como parte da resposta do organismo aos danos nos tecidos ou aos tratamentos anticâncer. Embora a IL-10 seja considerada uma citocina antiinflamatória, foi observada uma dualidade em seu papel no desenvolvimento do câncer de mama.

Além disso, muitas pacientes com câncer de mama e sobreviventes, especialmente na menopausa, apresentam deficiências nutricionais, incluindo a deficiência de vitamina D. Esta deficiência está associada à diminuição da qualidade de vida, ao pior prognóstico do câncer e ao aumento da taxa de mortalidade nessas pacientes. As evidências sugerem que a suplementação de vitamina D pode alterar a resposta imunológica e aumentar a expressão do gene IL-10 nas células T, o que inibe a produção de citocinas pró-inflamatórias.

Quando associada à suplementação de vitamina D em altas doses, a prática de exercícios físicos, especialmente o yoga, pode influenciar a imunologia antitumoral e as citocinas inflamatórias. Estudos indicam que o yoga pode reduzir marcadores inflamatórios, estresse, ansiedade e fadiga em sobreviventes de câncer. Além disso, a prática tem mostrado efeitos reguladores no sistema nervoso, especialmente na diminuição do tônus do sistema nervoso simpático. Isso foi evidenciado em um ensaio clínico randomizado e controlado que incluiu sobreviventes com diferentes tipos de tumor classificados conforme o sistema de estadiamento TNM. O estudo envolveu 30 participantes com idade média de 47,90 ± 7,95 anos e massa corporal de 72,62 ± 11,72 kg, divididos em três grupos: um grupo de suplementação de vitamina D (VD) em altas doses (4.000 UI), um grupo de yoga com altas doses de vitamina D (Y-HVD) e um grupo de yoga com dose baixa de vitamina D (2.000 UI) (Y-LVD).

Após 12 semanas de suplementação de VD, observou-se um aumento significativo nas concentrações de vitamina D. A análise post hoc revelou diferenças significativas entre os grupos HVD e Y-HVD em comparação com o grupo Y-LVD. Também foi observada diferença significativa nos níveis circulatórios de IL-10 entre os grupos, com efeito moderado. A relação IL-10/TNF-α, utilizada como índice antiinflamatório, apresentou diferenças significativas entre os grupos, também com efeito moderado.

A suplementação com altas doses de vitamina D levou a aumentos significativos nos níveis de vitamina D em comparação com a dose baixa. No entanto, os resultados indicam que a vitamina D elevada por si só não resultou em melhorias significativas na inflamação sistêmica ou na qualidade de vida. Em vez disso, observou-se uma melhoria substancial na qualidade de vida, força de preensão e composição corporal quando associada ao yoga. O grupo que praticou yoga com alta dose de vitamina D apresentou aumento nos níveis circulatórios de IL-10 e diminuição nas concentrações de IL-6 e TNF-α. O índice antiinflamatório também aumentou nesse grupo.

Mudanças no peso, percentual de gordura corporal e saúde geral foram associadas a melhorias nos indicadores de qualidade de vida.

No mês de conscientização sobre o câncer de mama, é importante destacar a relevância de abordagens integrativas, como o yoga e a suplementação de vitamina D, que podem contribuir para um cuidado mais completo para sobreviventes de câncer de mama.

Referência: Naderi M, Kordestani H, Sahebi Z, Khedmati Zare V, Amani-Shalamzari S, Kaviani M, Wiskemann J, Molanouri Shamsi M. Serum and gene expression profile of cytokines following combination of yoga training and vitamin D supplementation in breast cancer survivors: a randomized controlled trial. BMC Womens Health. 2022 Mar 24;22(1):90. doi: 10.1186/s12905-022-01671-8. PMID: 35331230; PMCID: PMC8952887.

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