Dor Pélvica na Endometriose: O Papel das Vitaminas Antioxidantes

A endometriose é um desafio comum entre as mulheres em idade reprodutiva, muitas vezes enfrentando diagnósticos tardios e a falta de opções de tratamento eficazes. Um dos sintomas menos compreendidos e frequentemente subestimados pelos médicos é a dor pélvica crônica, que pode resultar da ativação de macrófagos e mastócitos, desencadeando um ciclo persistente de inflamação, estresse oxidativo e dor.

Estudos recentes lançaram luz sobre a ligação entre a endometriose e o desequilíbrio entre espécies reativas de oxigênio (ROS) e antioxidantes. Observou-se que mulheres com endometriose podem apresentar aumento do estresse oxidativo na cavidade peritoneal, e é aqui que entra a Prática Ortomolecular.

Uma revisão sistemática recente, que incluiu 13 ensaios clínicos com 589 pacientes, destaca o impacto positivo da suplementação antioxidante na redução da dor associada à endometriose. Especificamente, a vitamina E, isoladamente ou em combinação com a vitamina C, mostrou melhorias significativas na dor pélvica crônica. O ensaio clínico randomizado liderado por Nalini Santanam envolveu cinquenta e nove mulheres, com idades entre 19 e 41 anos, que sofriam de dor pélvica e tinham histórico de endometriose e/ou infertilidade. No primeiro grupo, foi administrada uma combinação de vitamina E (1.200 UI) e vitamina C (1.000 mg/dia), enquanto o segundo grupo recebeu placebo durante oito semanas antes da cirurgia. Os resultados revelaram que após o tratamento antioxidante, a dor crônica (também conhecida como “dor cotidiana”) melhorou acentuadamente (43%) no grupo antioxidante (p = 0,0055), em comparação com o grupo placebo.

Um ensaio clínico subsequente, realizado em 2022, utilizando a mesma dose de vitamina E e C durante 6 a 8 semanas em 60 mulheres em idade reprodutiva (15 a 45 anos), mostrou que a dor pélvica diminuiu ainda mais (48%) no grupo de intervenção, em comparação com o grupo controle.

Mesmo em doses mais baixas de vitamina E (800 UI/dia, 2 comprimidos de 400 UI cada), combinadas com a mesma dose de vitamina C (1000 mg/dia, 2 comprimidos de 500 mg cada) dos estudos mencionados anteriormente, uma significativa diminuição na gravidade da dor pélvica (valor p <0,001) foi observada no grupo de tratamento após 8 semanas de suplementação.

A suplementação de vitamina D em doses de até 50.000 UI semanais durante 12 semanas também foi associada à redução da dor pélvica, embora não significativa, em pacientes com endometriose.

Vale ressaltar que a suplementação com essas vitaminas não apenas aliviou a dor, mas também modificou os marcadores de estresse oxidativo. Concluindo, é inegável a importância de atenuar os sintomas da endometriose, principalmente a dor pélvica crônica, para melhorar a qualidade de vida física e mental de quem sofre desta doença. Embora sejam necessárias mais pesquisas, os resultados atuais apoiam a terapia com vitaminas antioxidantes, seja como tratamento independente ou em combinação com outras estratégias, para aliviar a dor pélvica em pacientes com endometriose.

 

Referencia: Zheng SH, Chen XX, Chen Y, Wu ZC, Chen XQ, Li XL. Antioxidant vitamins supplementation reduce endometriosis related pelvic pain in humans: a systematic review and meta-analysis. Reprod Biol Endocrinol. 2023 Aug 29;21(1):79. doi: 10.1186/s12958-023-01126-1.