Baixo nível de magnésio sérico e sua relação com a gravidade da COVID-19: considerações sobre a suplementação

A doença do coronavírus 2019 (COVID-19) é uma infecção causada pelo coronavírus 2 da síndrome respiratória aguda grave (SARS-CoV-2). Do ponto de vista da medicina ortomolecular, é pertinente considerar o papel de minerais essenciais na função imunológica e na resposta do organismo a infecções. Durante a pandemia, diversas deficiências minerais foram avaliadas como possíveis fatores associados à gravidade da infecção, com destaque para o magnésio (Mg), dada sua participação na regulação do sistema imune e nos processos inflamatórios.

Baixas concentrações de Mg têm sido associadas a alterações imunológicas, aumento do estresse oxidativo, presença de inflamação exacerbada, piora da oxigenação e desequilíbrios na resposta inflamatória, fatores observados em quadros clínicos mais graves da COVID-19. A deficiência de Mg também pode estar relacionada à ocorrência de complicações como coagulação intravascular disseminada (CID), em razão da disfunção endotelial e da desregulação imune descritas em pacientes com COVID-19.

Alguns estudos indicaram que a baixa concentração de Mg sérico pode estar associada a piores desfechos clínicos e a maior número de complicações em pacientes hospitalizados, incluindo manifestações neuropsiquiátricas. Por outro lado, níveis adequados de Mg, por meio da alimentação ou por via inalatória, foram relacionados a parâmetros clínicos considerados mais favoráveis, como melhora da oxigenação. Há relatos de que a associação entre magnésio e zinco possa estar envolvida na resposta a determinados tratamentos utilizados na COVID-19. Além disso, a insuficiência de outros minerais como cálcio e fósforo, em conjunto com o magnésio, tem sido avaliada em contextos de vulnerabilidade imunológica.

Uma revisão sistemática publicada em janeiro de 2025 analisou a relação entre os níveis séricos de Mg e a progressão da COVID-19, além do efeito da suplementação. Foram incluídos 22 estudos sobre níveis séricos de Mg (n = 8474) e quatro estudos sobre suplementação (n = 2889), totalizando 11.363 pacientes. Em grande parte das análises, os pacientes com formas graves da doença apresentaram concentrações significativamente menores de Mg em comparação àqueles com quadros leves ou moderados. Níveis ainda mais reduzidos foram observados em pacientes criticamente enfermos.

Alguns estudos também descreveram que a suplementação com Mg durante o tratamento esteve associada a menor necessidade de oxigenoterapia. Doses superiores a 450 mg foram avaliadas em relação a variáveis como produção de anticorpos e suporte respiratório em idosos. A ingestão adequada de Mg foi correlacionada, em determinadas análises, com menores tempos de internação e recuperação clínica mais rápida.

Em síntese, os dados disponíveis indicam que níveis séricos baixos de magnésio podem estar relacionados à maior gravidade dos quadros de COVID-19, com possíveis implicações sobre mortalidade e tempo de recuperação. A identificação de deficiência de Mg na admissão hospitalar pode representar uma ferramenta auxiliar na estratificação de risco e no planejamento terapêutico de pacientes com COVID-19.

Referência:
Majumder MH, Sazzad S, Hasin R, Brishti TJ, Tabassum FN, Ahamed T, Masud AA, Akter F. The Impact of Low Serum Magnesium Levels on COVID-19 Severity and Potential Therapeutic Benefits of Magnesium Supplementation: A Systematic Review. Cureus. 2025 Jan 8;17(1):e77118. doi: 10.7759/cureus.77118. PMID: 39925614; PMCID: PMC11803333.
https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC11803333/

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