Marcadores de longevidade: evidências de um estudo de coorte

O número global de centenários — indivíduos que alcançam 100 anos ou mais — tem dobrado aproximadamente a cada década desde 1950, e estima-se que quintuplicará entre 2022 e 2050. A longevidade excepcional resulta de uma interação complexa entre múltiplos determinantes, incluindo predisposição genética e fatores relacionados ao estilo de vida.

Este estudo de coorte, com 35 anos de acompanhamento, teve como objetivo comparar perfis de biomarcadores medidos em idades semelhantes entre indivíduos que atingiram longevidade excepcional e aqueles com vida mais curta. A comparação desses perfis permite ampliar a compreensão dos processos biológicos associados ao envelhecimento.

Foram analisadas associações entre valores de biomarcadores específicos e a probabilidade de atingir 100 anos, além da homogeneidade desses perfis em idades mais jovens. Os participantes pertenciam à coorte populacional AMORIS (Apolipoprotein MOrtality RISk), e foram utilizados métodos de estatística descritiva, regressão logística e análise de conglomerados.

No total, 1.224 participantes (84,6% mulheres) viveram até os 100 anos. Observou-se que níveis mais altos de colesterol total e ferro, e níveis mais baixos de glicose, creatinina, ácido úrico, aspartato aminotransferase, gama-glutamil transferase, fosfatase alcalina, lactato desidrogenase e capacidade total de fixação do ferro estavam associados à maior probabilidade de alcançar essa idade. Todos os biomarcadores avaliados, exceto ALT e albumina, mostraram relação preditiva com a longevidade.

Entre as diferenças mais marcantes, destacaram-se os níveis reduzidos de ácido úrico entre os centenários, sugerindo que a inflamação — além de fatores nutricionais — pode desempenhar papel relevante na determinação da longevidade.

De forma geral, os centenários apresentaram perfis de biomarcadores mais homogêneos e favoráveis já por volta dos 65 anos. As diferenças observadas nos biomarcadores mais de uma década antes do falecimento indicam que tanto fatores genéticos quanto hábitos de vida potencialmente modificáveis podem contribuir para a longevidade excepcional.

Essa compreensão é relevante para abordagens integradas de saúde e pode ser discutida dentro do contexto da prática ortomolecular, voltada à modulação de processos metabólicos e à prevenção de disfunções associadas ao envelhecimento.

Referência:
Murata S, Ebeling M, Meyer AC, Schmidt-Mende K, Hammar N, Modig K. Blood biomarker profiles and exceptional longevity: comparison of centenarians and non-centenarians in a 35-year follow-up of the Swedish AMORIS cohort. Geroscience. 2024 Apr;46(2):1693-1702. doi: 10.1007/s11357-023-00936-w. PMID: 37726432; PMCID: PMC10828184.
Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/37726432/

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