Suplementação com resveratrol sobre a inflamação e o estresse oxidativo em pacientes com diabetes mellitus tipo 2

O diabetes tipo 2 (DM2) é uma doença metabólica crônica de alta prevalência, caracterizada por hiperglicemia prolongada e acompanhada de processos inflamatórios e de estresse oxidativo. Embora sua abordagem convencional seja centrada na farmacoterapia, no controle dietético e na prática regular de atividade física, esses tratamentos apresentam algumas limitações. Os medicamentos podem gerar efeitos adversos, enquanto a dieta e o exercício exigem adesão prolongada, algo que raramente é alcançado pelos pacientes.

Nesse contexto, a prática ortomolecular propõe o uso de compostos bioativos, como o resveratrol — um polifenol natural com propriedades anti-inflamatórias, antioxidantes e hipoglicemiantes — como ferramenta complementar no tratamento do DM2.

A evidência científica tem demonstrado que o resveratrol pode modular de forma positiva os mecanismos fisiopatológicos envolvidos no DM2. No nível inflamatório, observou-se que ele inibe a ativação da via NF-κB, reduzindo a liberação de citocinas pró-inflamatórias, como TNF-α e IL-6, além de melhorar a sensibilidade à insulina e favorecer o controle glicêmico. Dessa forma, regula outras rotas associadas a vias de sinalização inflamatória, consolidando sua ação imunomoduladora.

Do ponto de vista do estresse oxidativo, o resveratrol também apresenta efeito benéfico. Em indivíduos com DM2, o estado hiperglicêmico gera excesso de radicais livres, superando a capacidade antioxidante endógena e provocando danos estruturais e funcionais às células. Diante desse cenário, o resveratrol contribui para restaurar o equilíbrio redox, pois aumenta a atividade de enzimas antioxidantes e reduz marcadores de dano oxidativo, como o malondialdeído.

Esses efeitos foram avaliados em uma metanálise publicada em 2025, que incluiu dois ensaios clínicos randomizados e controlados, com um total de 533 participantes. As doses de resveratrol utilizadas variaram entre 40 mg e 1000 mg por dia, com duração de intervenção entre 4 e 24 semanas. Os resultados demonstraram que o resveratrol reduziu significativamente os níveis de proteína C reativa em comparação ao placebo (SMD = -1,40; IC 95%: -2,60 a -0,21; p = 0,02), assim como os níveis de peróxidos lipídicos (SMD = -0,99; IC 95%: -1,36 a -0,61; p < 0,00001) e de 8-isoprostano (SMD = -0,79; IC 95%: -1,16 a -0,42; p < 0,0001). Também foi observado aumento significativo na atividade da glutationa peroxidase (SMD = 0,38; IC 95%: 0,03 a 0,74; p = 0,04) e da catalase (SMD = 0,33; IC 95%: 0,03 a 0,63; p = 0,03).

Entretanto, não foram encontradas diferenças significativas em alguns parâmetros, como níveis de IL-6, TNF-α, superóxido dismutase, capacidade antioxidante total e malondialdeído.

Um aspecto relevante da análise foi o perfil de segurança do resveratrol, considerado favorável, sem relatos de eventos adversos relevantes durante os estudos. Essa evidência reforça o potencial do resveratrol como recurso seguro e eficaz dentro da prática ortomolecular na abordagem integral do diabetes tipo 2.

Referência:
Zhu P, Jin Y, Sun J, Zhou X. The efficacy of resveratrol supplementation on inflammation and oxidative stress in type-2 diabetes mellitus patients: randomized double-blind placebo meta-analysis. Front Endocrinol (Lausanne). 2025 Jan 13;15:1463027. doi: 10.3389/fendo.2024.1463027. PMID: 39872318; PMCID: PMC11771208.
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